
O
que é esse novo conceito de liderança shakti? Maria Silvia explicou que shakti
significa força feminina. São forças relacionadas à humanização, como empatia, vulnerabilidade, cuidado, ou seja, características que o líder precisa ter.
Mesmo
sendo homem? “Sim. Não é uma questão de gênero. As características masculinas –
estratégia, raciocínio, lógica, planejamento – levam muitos profissionais a
executar tudo, excluindo o que se chama de humanidade.”
Fala-se
em poder masculino e feminino e os dois precisam estar em equilíbrio, segundo
explicou Maria Silvia. Quando se busca resultado, se há uma gestão mais
cuidadosa, o líder será estratégico e cuidadoso.
“O
equilíbrio vem quando olhamos para dentro e dizemos: preciso chegar a tal
lugar, como posso equilibrar minhas características internas?”
“Se
temos uma relação equilibrada em que mesclamos planejamento e cuidado com as
pessoas, teremos melhor performance. As empresas ainda são muito masculinas e
usam a força para obter resultados. Não funciona mais.”
Falando
sobre o livro Liderança Shakti, Maria Silvia contou que os dois autores, Raj
Sisodia e Nilima Bhat, são coaches e professores. Como parte de sua cultura indiana,
eles já tinham essas características voltadas às questões humanas. “Eles
observaram que há muitos livros de liderança. Mas nenhum deles tratava da
inclusão das características femininas na gestão das empresas.”
O
conceito foi pioneiro. O livro saiu nos Estados Unidos em agosto de 2016, no
ano em que Maria Silvia foi para a Índia. Em janeiro, foi lançada a edição
brasileira. Ou seja, Maria Silvia iniciou o movimento no Brasil e segue
realizando webinars e eventos. “A partir dos webinars, criei jogos que são
ferramentas para os líderes. Eles às vezes precisam tangibilizar o que dizemos.
É uma forma de sensibilização.”
Claudia
perguntou se Maria Silvia acha que essa é uma linguagem que o CEO absorve? “Dessa
forma, não. Mas se dissermos que uma política mais humanizada internamente e tem
uma relação forte com performance, ele escuta.”
“O
equilíbrio entre masculino e feminino é o humanismo, que se traduz pela
colaboração. Estamos só no começo, mas as empresas têm condições de estar mais
sensíveis a isso”, disse Maria Silvia.
“Nós,
líderes mulheres, temos uma bandeira: o exemplo de como ser executivas suaves e
humanizadas – não atuar com características masculinas.” É preciso, diz ela,
compartilhar decisões, abrir espaço para o consenso, abrir o espectro da
escuta. Isso aumenta muito o do senso de pertencimento do colaborador. “Hoje
mais do que nunca a forma de promover o sendo se pertencimento mudou.”
Olhar para dentro
Na
pandemia, lembrou Claudia, fala-se mais em cuidar, porque todos estão
fragilizados. Isso vai levar a uma maior sensibilidade em relação à liderança Shakti?
“Acho
que sim. Muitos vão sair diferentes. Não será possível trabalhar com alguém e
não perguntar como está e o que acha.”
E
Maria Silvia contou como o isolamento social pode trazer mudanças. Uma amiga
dela tem um salão de beleza. Ele está fechado, mas as contas continuam
precisando ser pagas. A amiga tem uma reserva só para alguns meses. Decidiu
então olhar para dentro de si mesma (um valor da liderança shakti) e escolher
entre ter medo ou estar num estado de presença. Recorrendo à característica
feminina de criatividade, decidiu fazer chá. “Ela já sabia fazer isso e tem milhares
de seguidores no Instagram. Passou de cabeleireira a vendedora de chá e hoje
tem dois negócios, um em stand by. Recebe pedidos de empresas que mandam o chá
para os funcionários num programa de saúde mental.”
Maria
Silvia deixou claro que não há separação entre a pessoa e o líder que ela é. Se
o líder é autêntico, a performance será maior. “Quanto a pessoa tem que
desempenhar um papel, ela é menos produtiva.”
Como
a comunicação pode ajudar a liderança shakti?
“Uma
das coisas interessantes em algumas empresas é o tom que dão na comunicação
interna. Dá para ver o quanto a empresa fala de forma mais calorosa e amorosa ou
vai direto ao ponto. Isso é muito sensível, muito tangível. É onde percebo a
falta de equilíbrio entre o masculino e o feminino.”
O
conceito da liderança shakti é justamente o equilíbrio entre a paixão, o
propósito e as medidas práticas. “A força excessiva, competitiva, é o masculino
tóxico. O feminino tóxico só abraça o coração e não sabe como pagar conta.”
Claudia
quis saber se os brasileiros dão valor a esse tipo de liderança. Maria Silvia
afirmou que é um processo lento, de mudança de cultura. “Não acho que verei as
mudanças nesta minha encarnação, por ‘n’ motivos.”
Mas,
disse ela, o curso muda as pessoas. “Eu mesma mudei minha forma de fazer
negócios e de gestão, mas tenho ainda um desequilíbrio, sendo uma mulher muito
masculina.”
Exemplos
de marcas que inspiram ou não? “O dinheiro é uma energia feminina e isso é
considerado por muitas culturas, porque ele vem de um processo criativo, que é caraterística
feminina. Mas o mercado financeiro lida com o dinheiro na forma de empréstimos
e juros – e aí vem o masculino tóxico.”
“Como
ajustar a lente? A marca Reserva, por exemplo, faz roupas é ultra moderna e leva
para o masculino. Mas parte do seu lucro vai para refeições doadas a ONGs, ou
seja, lida com o dinheiro de forma feminina e chega ao equilíbrio.”
Dicas
Como
mensagem para novos empreendedores, que às vezes tocam o negócio sozinhos,
Maria Silvia recomenda que cuidem de todos os stakeholders, que são
“potencialmente parceiros e precisam dar certo juntos”. Ela considera que
muitos, sem saber, já praticam a liderança shakti. “O risco é o próprio
propósito. Podem estar tão conectados com seu coração, que não veem como
colocar o trabalho em pé.”
Hoje,
com a pandemia, todos estão com medo em algum nível. A liderança shakti trata
de como lidar com o medo, entendendo o contexto. Antes de tomar uma decisão,
olhe para dentro e não se deixe paralisar pelo medo.
Mantenha
a saúde mental, com centramento, presença, sem entrar nas relações tóxicas ou
se deixar abater pelas notícias ruins. Quanto mais se unir a pessoas com mindset
negativa, pior será. É uma escolha pessoal. Eu, Maria Silvia, optei por não
sentir medo. Ganhei a consolidação de uma maturidade. Sugiro aos empreendedores
um estado de espírito para cultivar no momento de crise. Se cultivar o pânico,
a própria empresa vai sair perdendo.
Escolha
o lugar de coragem e mantenha a união com as pessoas. As redes de
relacionamento são fortes. E esse é outro valor do capitalismo consciente. São
frentes novas que podem ser usadas pelos empreendedores. Agora é a hora de um ajudar
o outro, com clareza, integridade.
Sobre
Maria Silvia Monteiro e a Liderança Shakti
Maria Silvia vem da área de
Relações Públicas e trabalhou anos com marketing. Em 2014, começou a atuar em
comunicação interna. “Me apaixonei por comunicação interna e, como consequência, pela questão da
liderança.” A liderança shakti entrou por acaso na sua vida. “Vi anúncio no Linkedin
e, sem pensar muito, fui para a Índia.” Lá, ela se formou na primeira turma da
Shakti Leadership (2016), em curso realizado na Índia e ministrado pelos
autores Nilima Bhat e Raj Sisodia. Em parceria com o Instituto Capitalismo
Consciente no Brasil, contribuiu para a publicação no Brasil do livro
“Liderança Shakti. O Equilíbrio do Poder Feminino e Masculino nos Negócios”. Em
2018, foi cocriadora do primeiro Workshop da Liderança Shakti na Jornada do
Capitalismo Consciente. É palestrante e facilitadora de workshop sobre o tema
do Equilíbrio do Poder Feminino e Masculino nos Negócios.
A Liderança Shakti busca o equilíbrio entre as qualidades
masculinas e femininas nos negócios. Inspirada pelo livro de Raj Sisodia e
Nilima Bhat, a iniciativa tornou-se uma plataforma de encontros com mulheres
que têm o objetivo de levar a transformação para outras mulheres.
Nilima Bhat e Raj Sisodia, autor de Capitalismo consciente, nos apresentam um modo mais equilibrado, um estilo de liderança que é gerador, cooperativo, criativo, inclusivo e empático. Embora essas qualidades sejam comumente vistas como "femininas", todos nós as temos.
Na tradição indiana, elas são simbolizadas por Shakti, a fonte que alimenta toda a vida. Por meio de exercícios e exemplos inspiradores, Bhat e Sisodia mostram como acessar essa energia infinita e liderar com todo o seu ser.
Os líderes que entendem e praticam a liderança Shakti atuam a partir de uma consciência de cuidar da vida, da criatividade e da sustentabilidade para alcançar o autoconhecimento e estar a serviço do mundo.
Ola muito obrigada, onde acesso a gravação da live? obrigada
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