Liderança Shakti – O equilíbrio do poder feminino e masculino nos NEGÓCIOS


Depois de falar de empreendedorismo, canais digitais, marcas e p ropósito, a Live Pro Comunica desta quinta, 4 de junho de 2020, abordou o tema Liderança Shakti, o Equilíbrio do Poder Feminino e Masculino nos Negócios. A mentora Claudia Cezaro Zanuso conversou sobre o assunto com Maria Silvia Monteiro, que trouxe o conceito para o Brasil em 2016.

O que é esse novo conceito de liderança shakti? Maria Silvia explicou que shakti significa força feminina. São forças relacionadas à humanização, como empatia, vulnerabilidade, cuidado, ou seja, características que o líder precisa ter.

Mesmo sendo homem? “Sim. Não é uma questão de gênero. As características masculinas – estratégia, raciocínio, lógica, planejamento – levam muitos profissionais a executar tudo, excluindo o que se chama de humanidade.”

Fala-se em poder masculino e feminino e os dois precisam estar em equilíbrio, segundo explicou Maria Silvia. Quando se busca resultado, se há uma gestão mais cuidadosa, o líder será estratégico e cuidadoso.

“O equilíbrio vem quando olhamos para dentro e dizemos: preciso chegar a tal lugar, como posso equilibrar minhas características internas?”

“Se temos uma relação equilibrada em que mesclamos planejamento e cuidado com as pessoas, teremos melhor performance. As empresas ainda são muito masculinas e usam a força para obter resultados. Não funciona mais.”

Falando sobre o livro Liderança Shakti, Maria Silvia contou que os dois autores, Raj Sisodia e Nilima Bhat, são coaches e professores. Como parte de sua cultura indiana, eles já tinham essas características voltadas às questões humanas. “Eles observaram que há muitos livros de liderança. Mas nenhum deles tratava da inclusão das características femininas na gestão das empresas.”

O conceito foi pioneiro. O livro saiu nos Estados Unidos em agosto de 2016, no ano em que Maria Silvia foi para a Índia. Em janeiro, foi lançada a edição brasileira. Ou seja, Maria Silvia iniciou o movimento no Brasil e segue realizando webinars e eventos. “A partir dos webinars, criei jogos que são ferramentas para os líderes. Eles às vezes precisam tangibilizar o que dizemos. É uma forma de sensibilização.”

Claudia perguntou se Maria Silvia acha que essa é uma linguagem que o CEO absorve? “Dessa forma, não. Mas se dissermos que uma política mais humanizada internamente e tem uma relação forte com performance, ele escuta.”

“O equilíbrio entre masculino e feminino é o humanismo, que se traduz pela colaboração. Estamos só no começo, mas as empresas têm condições de estar mais sensíveis a isso”, disse Maria Silvia.

“Nós, líderes mulheres, temos uma bandeira: o exemplo de como ser executivas suaves e humanizadas – não atuar com características masculinas.” É preciso, diz ela, compartilhar decisões, abrir espaço para o consenso, abrir o espectro da escuta. Isso aumenta muito o do senso de pertencimento do colaborador. “Hoje mais do que nunca a forma de promover o sendo se pertencimento mudou.”

Olhar para dentro

Na pandemia, lembrou Claudia, fala-se mais em cuidar, porque todos estão fragilizados. Isso vai levar a uma maior sensibilidade em relação à liderança Shakti?
“Acho que sim. Muitos vão sair diferentes. Não será possível trabalhar com alguém e não perguntar como está e o que acha.”

E Maria Silvia contou como o isolamento social pode trazer mudanças. Uma amiga dela tem um salão de beleza. Ele está fechado, mas as contas continuam precisando ser pagas. A amiga tem uma reserva só para alguns meses. Decidiu então olhar para dentro de si mesma (um valor da liderança shakti) e escolher entre ter medo ou estar num estado de presença. Recorrendo à característica feminina de criatividade, decidiu fazer chá. “Ela já sabia fazer isso e tem milhares de seguidores no Instagram. Passou de cabeleireira a vendedora de chá e hoje tem dois negócios, um em stand by. Recebe pedidos de empresas que mandam o chá para os funcionários num programa de saúde mental.”

Maria Silvia deixou claro que não há separação entre a pessoa e o líder que ela é. Se o líder é autêntico, a performance será maior. “Quanto a pessoa tem que desempenhar um papel, ela é menos produtiva.”

Como a comunicação pode ajudar a liderança shakti?

“Uma das coisas interessantes em algumas empresas é o tom que dão na comunicação interna. Dá para ver o quanto a empresa fala de forma mais calorosa e amorosa ou vai direto ao ponto. Isso é muito sensível, muito tangível. É onde percebo a falta de equilíbrio entre o masculino e o feminino.”

O conceito da liderança shakti é justamente o equilíbrio entre a paixão, o propósito e as medidas práticas. “A força excessiva, competitiva, é o masculino tóxico. O feminino tóxico só abraça o coração e não sabe como pagar conta.”

Claudia quis saber se os brasileiros dão valor a esse tipo de liderança. Maria Silvia afirmou que é um processo lento, de mudança de cultura. “Não acho que verei as mudanças nesta minha encarnação, por ‘n’ motivos.”

Mas, disse ela, o curso muda as pessoas. “Eu mesma mudei minha forma de fazer negócios e de gestão, mas tenho ainda um desequilíbrio, sendo uma mulher muito masculina.”

Exemplos de marcas que inspiram ou não? “O dinheiro é uma energia feminina e isso é considerado por muitas culturas, porque ele vem de um processo criativo, que é caraterística feminina. Mas o mercado financeiro lida com o dinheiro na forma de empréstimos e juros – e aí vem o masculino tóxico.”

“Como ajustar a lente? A marca Reserva, por exemplo, faz roupas é ultra moderna e leva para o masculino. Mas parte do seu lucro vai para refeições doadas a ONGs, ou seja, lida com o dinheiro de forma feminina e chega ao equilíbrio.”

Dicas

Como mensagem para novos empreendedores, que às vezes tocam o negócio sozinhos, Maria Silvia recomenda que cuidem de todos os stakeholders, que são “potencialmente parceiros e precisam dar certo juntos”. Ela considera que muitos, sem saber, já praticam a liderança shakti. “O risco é o próprio propósito. Podem estar tão conectados com seu coração, que não veem como colocar o trabalho em pé.”

Hoje, com a pandemia, todos estão com medo em algum nível. A liderança shakti trata de como lidar com o medo, entendendo o contexto. Antes de tomar uma decisão, olhe para dentro e não se deixe paralisar pelo medo.

Mantenha a saúde mental, com centramento, presença, sem entrar nas relações tóxicas ou se deixar abater pelas notícias ruins. Quanto mais se unir a pessoas com mindset negativa, pior será. É uma escolha pessoal. Eu, Maria Silvia, optei por não sentir medo. Ganhei a consolidação de uma maturidade. Sugiro aos empreendedores um estado de espírito para cultivar no momento de crise. Se cultivar o pânico, a própria empresa vai sair perdendo.

Escolha o lugar de coragem e mantenha a união com as pessoas. As redes de relacionamento são fortes. E esse é outro valor do capitalismo consciente. São frentes novas que podem ser usadas pelos empreendedores. Agora é a hora de um ajudar o outro, com clareza, integridade.

Sobre Maria Silvia Monteiro e a Liderança Shakti

Maria Silvia vem da área de Relações Públicas e trabalhou anos com marketing. Em 2014, começou a atuar em comunicação interna. “Me apaixonei por comunicação interna e, como consequência, pela questão da liderança.” A liderança shakti entrou por acaso na sua vida. “Vi anúncio no Linkedin e, sem pensar muito, fui para a Índia.” Lá, ela se formou na primeira turma da Shakti Leadership (2016), em curso realizado na Índia e ministrado pelos autores Nilima Bhat e Raj Sisodia. Em parceria com o Instituto Capitalismo Consciente no Brasil, contribuiu para a publicação no Brasil do livro “Liderança Shakti. O Equilíbrio do Poder Feminino e Masculino nos Negócios”. Em 2018, foi cocriadora do primeiro Workshop da Liderança Shakti na Jornada do Capitalismo Consciente. É palestrante e facilitadora de workshop sobre o tema do Equilíbrio do Poder Feminino e Masculino nos Negócios.



A Liderança Shakti busca o equilíbrio entre as qualidades masculinas e femininas nos negócios. Inspirada pelo livro de Raj Sisodia e Nilima Bhat, a iniciativa tornou-se uma plataforma de encontros com mulheres que têm o objetivo de levar a transformação para outras mulheres.

Muitas pessoas, tanto homens como mulheres, compraram uma noção de liderança que enfatiza exclusivamente qualidades "masculinas", hierárquicas e militaristas. O resultado dessa mentalidade pode ser corrupção, degradação ambiental, quebra social, estresse, depressão e uma série de outros sérios problemas.

Nilima Bhat e Raj Sisodia, autor de Capitalismo consciente, nos apresentam um modo mais equilibrado, um estilo de liderança que é gerador, cooperativo, criativo, inclusivo e empático. Embora essas qualidades sejam comumente vistas como "femininas", todos nós as temos.

Na tradição indiana, elas são simbolizadas por Shakti, a fonte que alimenta toda a vida. Por meio de exercícios e exemplos inspiradores, Bhat e Sisodia mostram como acessar essa energia infinita e liderar com todo o seu ser.

Os líderes que entendem e praticam a liderança Shakti atuam a partir de uma consciência de cuidar da vida, da criatividade e da sustentabilidade para alcançar o autoconhecimento e estar a serviço do mundo.

Um comentário:

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