Gabriela
Manzini foi a convidada de Monica Deliberato Baptista, mentora do Coletivo Pro
Comunica, para a live de 5 de agosto. Gabriela é mãe recente do Nicolas e head
de Comunicação e Conteúdo da startup Digitalks, referência em marketing digital
no Brasil. "Ajudo empresas a qualificar comunicação, relacionamento com clientes e experiência do usuário para a trasnformação digital", resumo ela.
Jornalista
formada pela Universidade Metodista de São Paulo, trabalha com comunicação
desde 2008 e é especialista pós-graduada em Comunicação Corporativa e Relações
Públicas pela Cásper Líbero com nanodegree em Marketing Digital. Atua hoje com
comunicação estratégica, marketing digital, especialmente marketing de conteúdo
e inbound.
Com o
crescimento do empreendedorismo, como você percebe a formação das empresas? Os
negócios são mais on-line?
Os jovens
recém-formados empreendem mais. Eu vejo que o empreendedorismo aumentou muito
com pandemia, por ser um momento que exige se reinventar. Existe também a
questão cultural. Há pelo menos uma década de mudança de mindset,
principalmente para os brasileiros, no sentido de ser empreendedor. Antes, a
gente se formava para trabalhar em algum lugar. Hoje, é mais presente a mentalidade
de criar um negócio próprio, e as startups ajudam nisso.
A influência
externa, de outros mercados, torna os negócios mais online. Quem já é estabelecido
e tem uma empresa há mais tempo, com a pandemia migrou para o ambiente digital,
não só para se comunicar, mas para vender também. Tudo isso tem a ver com a
transformação digital, que não é só para empresa grande.
As
empresas com e-commerce têm outro tipo de experiência com o cliente?
Eu não
gosto de pensar que com a pandemia a gente será só remoto. Temos que fazer uma
analogia. Acredito que ninguém continuará em quarentena quando a vacina chegar.
Não é porque tivemos essa experiência que isso significa que seremos só virtuais.
Nós somos seres humanos associativos, precisamos estar em convívio. A diferença
é que passou a existir uma forma híbrida de fazer isso. Já era algo que as empresas
faziam antes, o despertar aconteceu nesse momento.
O que
quer dizer com a transformação digital de uma empresa?
Ela tem
algumas metodologias, isso não quer dizer que seja uma receita de bolo. Técnicas
e estratégias não têm um único molde que cabe para todo tipo de negócio.
Estudando e entendendo como aplicar um dos modelos, na prática é aplicar inovação
em pilares como: processos, parcerias que sustentam a cadeia do negócio, pessoas
e a cultura da empresa.
A transformação
digital não é simples, precisa permear todas as esferas da empresa. Tecnologia
não é o drive da transformação, é um auxilio que completa as tarefas e conecta
as pessoas. Com tecnologia temos ganho em agilidade, de escala, como por
exemplo disparo de e-mails para uma grande base de contatos. A automação desse processo
é aplicação de tecnologia, ajudando a otimizar e gerando indicadores para análise
de dados.
Quais são os pontos importantes
para se obter uma boa qualidade na comunicação?
A comunicação passa pela cultura da
empresa. Mesmo que seja pequena ou média, a empresa tem sua cultura. Para
implementar uma nova ferramenta, você precisa comunicar isso de forma clara.
Dentro da empresa e para fora da empresa. Fora da empresa exige planejamento e
mapeamento de cada ação com o consumidor.
Cada ação tem que ter um único objetivo.
Um anúncio que vai engajar, vender e lançar um produto ou serviço não vai
funcionar. Mais acertado é cada ação de comunicação ter um objetivo e entender
se gerou o resultado esperado.
Também não se pode abrir mão de um
bom português e mapear o tom de voz. Por exemplo, a Magalu tem uma imagem
feminina e simpática para atender os consumidores. Além de se adaptar ao
consumidor, tem que adaptar a mensagem a cada canal. Posso citar Quem disse Berenice, Enjoei,
iFood, Skol, L’Oreal, Heineken, todas essas marcas traduzem muito bem a persona
de seus clientes na sua comunicação.
Para
pequenas marcas, é possível fazer o mesmo. O importante é se inspirar em
grandes marcas e pensar nesses aspectos desde o começo, do nascimento da marca.
Desenhar a persona e o propósito. Recentemente a marca @lilacustomizados, que trabalha
com objetos para quarto de bebê, se posicionou muito bem.
Como enxerga os impulsionamentos
nas redes sociais|?
Eu acho
que o investimento deve ser ponderado. Provavelmente se o investimento não dá
resultado, vamos entender porque ou contratar alguém que trabalhe com isso. Eu
sei que os impulsionamentos, ou melhor, as campanhas de ads são um dos pilares
do marketing digital. É importante fazer e testar, mas é importante cuidar do
conteúdo também.
Para fazer
uma venda, desenhamos um funil com etapas de atração do cliente. O ad ajuda no
final do funil. Na criação de uma marca, é preciso preparar o cliente para
comprar. Em paralelo, gerar conteúdo para alavancar sua marca no médio e longo
prazo.
Funciona
assim: vamos supor que você é um pequeno empreendedor e faz anúncios dirigidos
para quem e já está querendo comprar seu produto. E você lança um blog falando do
assunto do seu negócio, trazendo um conteúdo que colabora para seu universo e
que coloque as pessoas dentro do funil para que no final ela possa consumir de
sua marca.
Quais são suas recomendações para quem quer
iniciar um investimento em digital: Google, SEO,
impulsionamento nas redes sociais, por onde acha que o empreendedor deve
começar?
Se eu preciso de um liquidificador, antes eu
pensava em alguma marca. Hoje vou ao Google, ou qualquer buscador de preferência,
e faço minha pesquisa sobre liquidificador. Há muita técnica para fazer as
ofertas de liquidificador aparecerem como resultados da pesquisa. SEO é uma técnica.
É a engenharia de otimização desta busca e o SEM é a parte paga. Em termos de
SEO, o uso de palavras-chave é fundamental, aplicadas em todos os textos de
chamada e no título das fotos de imagens que postamos. Tem outras coisas bem
legais. Para quem quiser se aprofundar, sugiro o livro The Long Tail (A Cauda
Longa). Nos espaços pagos, a marca participa dos leilões virtuais. Mas o ideal
é a marca aparecer bem posicionada nas buscas orgânicas.
Como percebe o uso dos serviços de mensagem como Whatsapp pelo
empreendedor e pelo usuário?
Quando eu era pequena e estudava história, por exemplo, eu
decorava a data de tal revolução. Mais tarde, percebi que os fatos eram
sequenciais e um consequência do outro. No marketing digital e na comunicação,
isso também acontece. As coisas se conectam. A mensageria também é transformação
digital. Eu vejo com muito bons olhos os serviços de mensageria como ação de marketing.
Mas eles não sugiram para vender. A rede social e a mensageria surgiram para
relacionamento e a venda, como consequência desse relacionamento do cliente com
a marca e da marca com o cliente. Hoje o WhatsApp business permite que você
tenha seu catálogo de produtos ali, como se você estivesse na loja física, mas esse
ambiente é para tirar dúvidas do consumidor. No e-commerce, o cliente chega lá
na sua loja virtual e compra. Na mensageria é um meio para criar e nutrir
relacionamento. O bom vendedor conversa e propõe, sugere, cria a experiência.
Também existe o contrário, marcas que só conversam com seus
clientes como um bate-papo entre amigos. A essência da marca ajuda a achar o equilíbrio
desse relacionamento para que ele gere negócios.
As
grandes marcas estão investindo em eventos online. Você acredita que este
movimento veio para ficar?
É curioso
esse fenômeno. A startup onde estou, a Digitalks, tem 11 anos e já passamos por
várias fases. Temos site, portal, revista, cursos e hoje nosso carro-chefe são
os eventos. Flavio Horta, nosso CEO, é convidado para falar sobre eventos. Neste
ano, o Digitalks, nosso evento anual, seria para 10 mil pessoas presencialmente
com palcos presenciais simultâneos. E como fazer para torná-lo virtual?
Reinventamos e transformamos. O caminho é ser híbrido. Um speaker internacional
pode marcar presença virtualmente, por exemplo. Portanto, acredito que os
eventos não vão acabar!
Portanto
#ficadica: o Digitalks será gratuito pela primeira vez em 11 anos de história
do evento. Teremos conversas avançadas e iniciantes. Serão quatro palcos e
keynotes, em 26, 27 e 28 de agosto. Não há limite de inscrição! Acesse digitalks.com.br/expo
e participe!
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